Trocas de marcha imprecisas podem transformar qualquer pedalada em uma dor de cabeça. Aquela sensação incômoda de ouvir a corrente saltar ou hesitar entre os pinhões não é apenas irritante: é também um sinal de que o sistema de câmbio precisa de atenção urgente. O ajuste do desviador traseiro não é apenas uma questão de performance; ele garante que sua bike funcione suavemente, evitando desgastes prematuros em componentes essenciais, como cabos e cassete.
Seguir as etapas certas para essa regulagem faz toda a diferença entre uma pedalada fluida e uma cheia de frustrações. Com as ferramentas corretas e algumas dicas práticas, qualquer ciclista pode dominar essa tarefa e garantir uma troca precisa, seja na trilha, no asfalto ou nos passeios do fim de semana. Vamos juntos ajustar sua bike para que cada pedalada seja uma experiência prazerosa e sem imprevistos.
Ferramentas e Preparação Básica para o Ajuste do Desviador Traseiro
Para garantir um ajuste eficaz do câmbio traseiro, é essencial ter as ferramentas certas à mão. Uma chave Allen será necessária para soltar e prender parafusos, além de uma chave de fenda para ajustes mais finos nos parafusos limitadores. Outra ferramenta importante é o ajustador de barril, que ajuda a regular a tensão do cabo sem desmontar nada. Embora opcional, um suporte de bike facilita o trabalho, permitindo que a bicicleta fique estável e acessível durante o processo.
Antes de começar, é importante inspecionar o estado dos cabos e conduítes. Se estiverem oxidados ou desgastados, substituí-los evitará que o câmbio apresente falhas mais adiante. Verifique também se a corrente e o cassete estão limpos e bem lubrificados. Sujeira acumulada pode interferir na fluidez das trocas e causar atritos indesejados.
A preparação inclui ainda verificar o alinhamento do câmbio e garantir que ele não esteja desalinhado devido a quedas ou impactos. Pequenos desalinhamentos podem dificultar o processo de ajuste e comprometer o desempenho durante a pedalada. A etapa de preparação é fundamental para garantir que o ajuste seja eficiente, evitando retrabalhos e prolongando a vida útil do sistema.
Regulagem dos Parafusos Limitadores (H e L)
O câmbio traseiro conta com dois parafusos essenciais, identificados como H (High) e L (Low), que limitam o movimento da corrente nos extremos do cassete. O parafuso H controla a posição da corrente no pinhão menor, impedindo que ela ultrapasse o limite e saia do cassete. Se a corrente não estiver alcançando o pinhão maior, ou se escapar para fora do cassete, o parafuso H deve ser ajustado. O ajuste é feito girando o parafuso em pequenos incrementos até a corrente se mover com precisão sem saltar.
Por outro lado, o parafuso L impede que a corrente caia além do maior pinhão, protegendo tanto a corrente quanto os raios da roda. O procedimento é semelhante: gire o parafuso L até encontrar o ponto ideal onde a corrente alcança o maior pinhão sem ultrapassá-lo. Esses ajustes garantem que a corrente se mantenha nos trilhos, oferecendo trocas precisas em ambos os extremos do cassete.
Com esses parafusos corretamente regulados, é possível evitar problemas comuns como a corrente “escapando” ou “pulando”. Agora, com os limites bem definidos, é hora de ajustar a tensão do cabo para refinar a precisão das trocas de marcha.
Ajuste da Tensão do Cabo
A tensão do cabo do câmbio é determinante para que as marchas subam e desçam suavemente. Quando a corrente não sobe facilmente para os pinhões maiores, isso indica falta de tensão. Nesse caso, utilize o ajustador de barril, localizado no câmbio ou na alavanca de mudança, girando-o no sentido anti-horário até que a corrente responda corretamente.
Por outro lado, se a corrente estiver “saltando” ou trocando de marcha de forma abrupta, a tensão pode estar excessiva. Para corrigir isso, gire o ajustador de barril no sentido horário, aliviando a tensão gradualmente. É importante realizar pequenos ajustes e testar as marchas entre cada giro, garantindo um ajuste fino.
Caso a troca de marchas ainda não esteja precisa, pode ser necessário soltar o cabo, puxá-lo com firmeza para eliminar folgas e reapertar o parafuso de fixação. Ajustar a tensão do cabo é um processo simples, mas requer paciência para atingir o ponto exato de equilíbrio entre todas as marchas.
Verificação e Ajuste do Parafuso B
O parafuso B controla a distância entre a polia do câmbio e o cassete, influenciando diretamente o desempenho em marchas mais leves, especialmente nos pinhões maiores. Se a corrente estiver demorando para engatar ou fazendo barulho ao trocar para os pinhões mais altos, o ajuste do parafuso B pode ser necessário.
Para realizar esse ajuste, posicione a corrente na coroa menor e no maior pinhão. Gire o parafuso B para aproximar ou afastar a polia do cassete até encontrar a distância ideal, normalmente entre 1 a 3 milímetros. Esse pequeno espaço é fundamental para que a corrente se mova com fluidez e sem hesitações.
Com o parafuso B ajustado corretamente, o sistema de câmbio estará preparado para enfrentar até as trocas mais exigentes, garantindo precisão e eficiência nas subidas. Assim, todos os elementos estarão prontos para o teste final de funcionamento.
Testes e Ajustes Finais: Garantindo a Precisão nas Trocas de Marcha
Com as regulagens dos parafusos e da tensão do cabo concluídas, é hora de testar todas as combinações de marchas. Coloque a bike em um suporte ou pedale em um local seguro e alterne entre todos os pinhões, desde o menor até o maior, verificando a suavidade das trocas. Se a corrente hesitar em algum ponto ou fizer barulhos anormais, ajuste o parafuso de limite ou a tensão do cabo até que a troca ocorra sem interrupções.
Preste atenção especial às marchas mais usadas durante o seu pedal. Em bicicletas de 21 ou mais marchas, por exemplo, utilizar as extremidades opostas da coroa e do cassete pode causar desgaste excessivo da corrente. Verificar esses detalhes no teste final garante que você não terá surpresas durante a pedalada. Pequenos ajustes, feitos com calma e paciência, fazem toda a diferença na performance da bike.
Após completar todos os testes, é recomendável realizar uma pedalada experimental. Esse teste em movimento permite avaliar como o câmbio reage em situações reais e sob carga, como subidas. Ajuste qualquer detalhe que ainda não esteja perfeito e finalize o processo.
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